
Acho que a primeira vez foi quando eu tinha uns 6, 7 anos. Eu era viciado em desenhos animados de todos os tipos e temáticas e, no ócio que somente essa idade proporciona com tanta desenvoltura, resolvi fazer um teatrinho com bonecos desenhados a giz de cera. Após um suculento almoço dominical de família, apresentei o espetáculo para todos e foi então que a palavra, que tantas vezes me acompanharia ao longo de minha existência, brotou em uníssono:
- Quanta criatividade!!
Nunca mais fui o mesmo. Naquele momento em que até meus tios mais velhacos e ranzinzas, ainda com a boca entupida de toicinho e couve, grunhiram essa sentença, vi como a criatividade agia de forma tão certeira e intensa a cada pessoa. Para mim, ela se tornou sinônimo de alegria, aceitação e reconhecimento. E a partir dali quis sempre me esforçar em buscar uma alternativa original para tudo que me cercasse. Com 6 ou 7 anos um pensamento desses só pode resultar em travessuras, e comigo não poderia ser diferente. Chicletes se tornaram esculturas, cabelos foram colados, enciclopédias se tornaram carvão, e uma infinidade de peraltices se acumulou no meu currículo de pequenas felicidades. Lógico que, como toda pretensão infantil, essa também logo se viu cercada de sucessos e frustrações. Não raro criatividade se transformou em outros “ades”: hiperatividade, crueldade, espontaneidade, liberdade.
Na adolescência, toda essa gana em procurar soluções não-óbvias me sanou de uma terrível dissidência da minha personalidade: a timidez. Afinal já se escreveu, gesticulou e proclamou, por todos os meios possíveis, o quanto essa época é complicada e intensa. Primeira vez de quase tudo, para o bem e para o mal. E as enrascadas se enfileiraram no meu caminho: amigos que a solidão implorava fazer, garotas que o coração queria ter, lugares que não conseguiria esperar mais tempo para conhecer. Vai, caichola, funciona! Apelidos criados, desculpas inventadas, surpresas realizadas, palavras aos montes, aos ouvidos, ao vento. E não é que eu sobrevivi? Santa criatividade...
Chegou a fase adulta, quando tudo é muito prático, e essa palavrinha mágica dá a impressão de ficar meio grogue, jogada num canto, ou mesmo trancafiada. Mas peralá! Ela tem sido tão bendita em todas as fases da minha vida... Então por que não convertê-la em ganha-pão? E cá estou eu, estudando publicidade para fazer da minha imaginação um instrumento de trabalho. Claro que nada é tão simples assim, ainda preciso comer muito feijão com arroz mais toicinho e couve e outras guloseimas pra ganhar todo o “know-how” de marketing, briefing, e-commerce, brainstorm and etcetera. Mas já posso arriscar escrever textos que nem esse, devendo em criatividade, mas transbordando em vontade de ser mais criativo. E quem sabe alcance sucesso nessa empreitada e me satisfaça profissionalmente. Tomara, mas ao menos consigo o mais importante: continuar em sintonia com aquele garoto travesso e com aquele adolescente tímido que formam a melhor parte de mim.
- Quanta criatividade!!
Nunca mais fui o mesmo. Naquele momento em que até meus tios mais velhacos e ranzinzas, ainda com a boca entupida de toicinho e couve, grunhiram essa sentença, vi como a criatividade agia de forma tão certeira e intensa a cada pessoa. Para mim, ela se tornou sinônimo de alegria, aceitação e reconhecimento. E a partir dali quis sempre me esforçar em buscar uma alternativa original para tudo que me cercasse. Com 6 ou 7 anos um pensamento desses só pode resultar em travessuras, e comigo não poderia ser diferente. Chicletes se tornaram esculturas, cabelos foram colados, enciclopédias se tornaram carvão, e uma infinidade de peraltices se acumulou no meu currículo de pequenas felicidades. Lógico que, como toda pretensão infantil, essa também logo se viu cercada de sucessos e frustrações. Não raro criatividade se transformou em outros “ades”: hiperatividade, crueldade, espontaneidade, liberdade.
Na adolescência, toda essa gana em procurar soluções não-óbvias me sanou de uma terrível dissidência da minha personalidade: a timidez. Afinal já se escreveu, gesticulou e proclamou, por todos os meios possíveis, o quanto essa época é complicada e intensa. Primeira vez de quase tudo, para o bem e para o mal. E as enrascadas se enfileiraram no meu caminho: amigos que a solidão implorava fazer, garotas que o coração queria ter, lugares que não conseguiria esperar mais tempo para conhecer. Vai, caichola, funciona! Apelidos criados, desculpas inventadas, surpresas realizadas, palavras aos montes, aos ouvidos, ao vento. E não é que eu sobrevivi? Santa criatividade...
Chegou a fase adulta, quando tudo é muito prático, e essa palavrinha mágica dá a impressão de ficar meio grogue, jogada num canto, ou mesmo trancafiada. Mas peralá! Ela tem sido tão bendita em todas as fases da minha vida... Então por que não convertê-la em ganha-pão? E cá estou eu, estudando publicidade para fazer da minha imaginação um instrumento de trabalho. Claro que nada é tão simples assim, ainda preciso comer muito feijão com arroz mais toicinho e couve e outras guloseimas pra ganhar todo o “know-how” de marketing, briefing, e-commerce, brainstorm and etcetera. Mas já posso arriscar escrever textos que nem esse, devendo em criatividade, mas transbordando em vontade de ser mais criativo. E quem sabe alcance sucesso nessa empreitada e me satisfaça profissionalmente. Tomara, mas ao menos consigo o mais importante: continuar em sintonia com aquele garoto travesso e com aquele adolescente tímido que formam a melhor parte de mim.
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