quinta-feira, 12 de julho de 2007

Ah o nada, esse grande tudo.


Mais uma crônica... Colocando dessa maneira, parece até que me amarraram ao pelourinho e me obrigaram a tecer essas malfadadas palavras sob pena de um açoite maior. Mas na realidade, o que estou fazendo agora é realizando uma conversa comigo mesmo que pode ser lida e relida por qualquer um que tenha tempo e saco para tanto.

Sobre o que escrever? Velho dilema... Mas gosto tanto de pegar uma folha em branco e garranchar absurdos que nem me importo mais se há um tema prévio ou não. O lado positivo disso é que me deixa livre pra começar do zero e terminar do nada. Hmmm... A pergunta continua com pregos martelados na minha mente poluída: o que escrever daqui pra frente? Pra fazer um mea-culpa, posso argumentar que até mesmo a falta de um assunto torna-se interessante quando se tem uma paixão pela atividade de transformar idéias, impressões e emoções em adjetivos, adjuntos adnominais e ditongos.

O nada também reina em nossas vidas, também rege nossos impulsos, também nos faz realizar coisas que até Deus duvida (isso pareceu resenha de Sessão da Tarde né? Só faltou jogar um "arrumar mil confusões" no meio). Então falar sobre o que não tem nada a ver com nada tem tudo a ver com tudo? Ótimo! Deixem-me ir à procura incansável do meu nada. No caso de escrever uma crônica, eu o encontro nas muitas idéias que eu nem ouso começar a dissertar pela previsão (muitas vezes equivocada) de que não serão interessantes ou não terão profundidade. Uma meia que está larga e fica saindo toda hora, a porta do banheiro que não fecha direito, as manias do vizinho que dá três roncos em intervalos cronometrados de dois minutos. Tudo é assunto, mas a precaução e o receio da incompreensão me fazem ir atrás de temáticas mais edificantes.

Sei lá... Poderia discorrer sobre o amor nos subterfúgios do silêncio avassalador, a solidão incontestável da juventude pré-cambiana, a perda da inocência após os noventa anos, o sexo como fuga da realidade... Não, porra!! Por hora estou cansado de tanta poesia, de tanta beleza e tristeza, desses emaranhados de clichês que são jogados na nossa fuça o tempo todo para complementar nossa existência como um mandamento dos Deuses. É tão legal falar merda, inutilidades, ou mesmo tagarelar futilidades em geral. E para a minha falta de intenção imediata, tenho uma quase-certeza que dedicar quatro parágrafos á falta de inspiração podem render um texto muito mais rico que falar sobre família, por exemplo.

Família?? Tema chato, batido... Enfim, já falei pra vocês que hoje levei dez minutos pra amarrar o cadarço do meu pé esquerdo?

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