sexta-feira, 22 de junho de 2007

Viver a vida ao máximo uma pinóia.

Hoje em dia existe um grande pensamento no inconsciente coletivo que martela na cabeça das pessoas frases de filosofia de botequim como “Viva a vida ao máximo” “Pense no agora” “Viva intensamente”.

Vou te dizer uma coisa: Que essas frases e pensamentos vão pro caralho que o parta.

Esse tipo de reflexão me incomoda demais porque gera, como conseqüência, uma mentalidade extremamente individualista, egocêntrica e, claro, inconseqüente e consumista. Ou seja: a pessoa que “vive a vida ao máximo” extrapola nos gastos, passa aperto e é infeliz. Ou então não pesa qualquer conseqüência que seus atos podem ter sobre a vida de outras pessoas e assim não tem mais freios morais. Daí impera a Lei de Gérson em sua vida, quer ter vantagem em tudo. (Será que daí que vem a cultura da corrupção que tanto reclamamos da boca pra fora?)

E quanto às pessoas que não podem viver a vida ao máximo? Que se fodam né? Afinal não é problema meu se há tantos desempregados no país, tantas crianças fora da escola, tantos adolescentes se prostituindo e tantos velhos largados na sarjeta. Dane-se, o mundo foi feito pra mim, para o meu bel-prazer, e eu tenho a obrigação de me divertir sem ter essas preocupações.

Essa necessidade de aproveitar cada segundo da vida é uma babaquice sem tamanho. Na verdade, só provoca mais depressão, ansiedade e vazio nas pessoas, ainda mais num tempo em que parece que não há tempo pra fazer mais nada. As pessoas falam que nasceram para ser felizes, no entanto chega-se a um ponto que a felicidade parece mais com um fardo a ser carregado. Sente-se culpa por não ser feliz, e entope-se de tudo quando é bugiganga ou pequenos prazeres pra disfarçar momentaneamente essa angústia.

Se existe um segredo para a felicidade, com certeza está na simplicidade e não nessa megalomania que se vê hoje. No dia em que as pessoas pararem de pensar em viver a vida ao máximo e pensarem mais em se relacionarem, se aceitarem, se compreenderem e proporcionar alegria aos iguais, a felicidade deixará de ser um êxtase a ser alcançado a qualquer custo e passará a ser uma coisa tão corriqueira que a sentiremos sem perceber, e apesar disso nada nos fará falta.

3 comentários:

Vanessa Rodeiro disse...

Vinii
Jáa faleii..vc sabe usar as palavras certas pra escrever!!
E concordo com seu texto!! Qm sabe um dia a ficha cai neh!!
Bjooos

Unknown disse...

Mais o que é a felicidade senão uma grande utopia, quanto mais tem, mais quer pra se sentir feliz. Não feliz por si por ser um ser realizado mais sentir que a sua felicidade é maior do que a do vizinho.
O que é a Felicidade senão um grande sentimento egoísta e bom.

Vini Noronha disse...

Eu discordo Joyce, isso que você citou ainda é felicidade sob preceitos distorcidos. E egoísta e bom são palavras que se excluem.

Tampouco é uma utopia, porque não é algo a ser alcançado e sim um estado de espírito, e sendo isso não existe medição.

Assista ao Sonhos do Kurosawa e presta atenção naquele último episódio que eu te falei. Ali está o que acredito ser felicidade.