terça-feira, 3 de julho de 2007

Pare o mundo que eu quero descer.



Filme B


Um relógio denuncia a vida plena
Tardes que se condenam às grades
Estrelas intensas sangram
No firmamento, o filme as entregam

Todos estão atentos
Um a cada vez, cada um em seu respeito
Observam, pasmos, petrificados
Em suas ocas
Em seus planetas
A vida em deglutinação
E tudo se contrapõe
Quando denominamos hediondo
O crime referente ao nosso julgamento
Que, desumano, é humaníssimo

Calem-se
Ditaduras e comissão de frente
Nos levaram ao mar de sangue
Sejamos sisudos
Dominadores de uma grande quantidade
De nada
Donos da maior importância...
Mesmo com o desespero cravado no peito
Não há o que temer
Pois todos temem
E ninguém se aproxima

Mentecaptos, omissos
Não levamos a maior fatia
Benzemos a mão e a mente
Do assassino de nossa paz
O que temos agora?
Coração rancoroso, desesperançado
Olhos que quando enxergam
Estão mais cegos que nunca
Estão mais cegos
Que a cegueira

Fogueira para a correnteza
Virtudes e verdades caídas, descartadas
Lideramos somente a nossa justiça
Contra a principal vítima: nós mesmos
Quando a mágoa e a violência
São os verbetes da moda
E o troco é o meu reino inteiro
Por noites febris
Enquanto, ainda cúmplices
Lemos o jornal e babamos

É a regra: olhe para os dois lados
E todos te observarão com insegurança
Um dia, desse sofrimento nascerão crianças
Independentes e frias
E nada sobreviverá aos seus caprichos
Ou à loucura, ou a muito mais

A regra que ensinam todo dia
Não é uma regra de vida
É, assim, bêbada e banal
Uma regra bélica
Burra
E bem-vinda




Produto íntimo


O dia passa e deixa o veneno
A guerra é pronunciada nas escolas
Com todas as suas letras
O revide é indispensável
Lutamos cada vez mais sós
E cada vez mais resistentes

As notícias que chegam não salvam
Há uma nova epidemia
No meu sangue, na minha espécie
Resta uma culpa interminável

Sinal dos tempos
Todos conhecem uma vítima terminal
E um assassino serial
E que levante a mão
Aquele que nunca pensou em vingança
Com a inocência de uma criança

Invadiram, mataram, sequestraram
Cada vez mais perto de nós
Quando quiserem nos encontrar
A procura de um abraço
Já será tarde demais

A fome se alastra
Jovens se tornam demônios
Crises existências se proliferam
E os preconceitos se camuflam
Ao olho da rua

Meu cotidiano agora é a sentença
Estar a esmo é estar conivente
Um convite não é mais bem-vindo
Análises em laboratório me dirão
O que vem de sua índole

Enquanto isso, senhores engravatados
Dormem tranquilamente
Sob um travesseiro de pregos


Um comentário:

BD disse...

Aeeee !

Mais um blog legal para eu ler!

Muito obrigado por ter adicionado o by the way aqui.

Parabéns pelo blog e pelos textos.
Está D+ !

Abraço.

Bruno Delfino.
http://by-theway.blogspot.com